CRISES - 3 PONTOS PARA REFLEXÃO
- Doval Estratégias e Soluções

- 18 de abr. de 2016
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de set. de 2021
ISABEL DOVAL
Existem pessoas inteligentes e competentes profissionalmente, algumas com larga experiência, que em situação de crise vivem situações complicadas, que causam profundo incomodo, perduram sem solução por longo tempo, e constituem uma cadeia de realimentação circular de acontecimentos em que tudo acontece para que nada aconteça.
Uma crise pode ser promovida por fatores externos, como contexto socioeconômico, reestruturação organizacional, processos de sucessão, desemprego, entre outros pessoais e/ou profissionais; ou internamente por sofrimento e/ou desconforto com a situação que vive, desejo de crescer e se expandir, e por aí a fora. Ela começa com indiscriminações e indefinições, que crescem e aumentam na medida em que as decisões com ela relacionadas são parciais, e não levam em consideração a totalidade.
Ninguém quer perder e isto torna as decisões ainda mais difíceis. Na maioria dos casos, essas situações não só afetam a saúde emocional, a relação com as pessoas que fazem parte de seu circulo pessoal e profissional, o seu estado de ânimo, mas também causam prejuízos materiais, quando não são responsáveis por outros males, incluindo somatizações. É necessário criar novas alternativas para enfrentar tais momentos eficazmente, pois as estratégias conhecidas não funcionam.
Quando uma pessoa se depara com situações inusitadas, ao mesmo tempo em que tem a oportunidade de aprender com ela, não sabe claramente quais as conseqüências para a sua vida destas aprendizagens e das escolhas que venha a fazer. Espera recompensas que talvez não se materializem na forma como deseja. Depara-se assim, com as dificuldades decorrentes da crise: a ambiguidade, o paradoxo, o conflito, o medo, a ansiedade. O fato é que a ambiguidade provoca vulnerabilidade emocional, e na medida em que outros fatos passam a se desdobrar, ocorrerem ainda outros acontecimentos que com ela vêm interagir, numa relação acumulativa de mútua implicação e complicação, o que torna o enfrentamento da crise ainda mais difícil.
1. AS DECISÕES em função dos desdobramentos da crise e de outros eventos que com ela vêm interagir, terminam em promover inúmeras situações novas que implicam em decisões. A função realimentadora ocorrerá na medida em que se tomam decisões parciais, que desconhecem a compreensão mais integrada do quadro complexo dentro do qual se encaixam, e impossibilitam alternativas novas e eficazes. Assim, a crise se agrava e quanto maior ela for, maior o medo e a ansiedade, e menos disposição há para enfrentá-la.
2. O ENGANO decorrente de ver tudo de uma forma incompleta, se não for superado, será o que fará com que a pessoa sucumba a outro inimigo além do medo e da ansiedade: a falta de clareza, que elimina o medo, mas cega e a torna incapaz de mudar. O fio do argumento que articula todo o drama que se constrói em torno das crises é o da negação da perda, o que torna a visão da realidade parcial. E é por isso que as crises parecem não ter solução. As pessoas não se dispõem a perder nada, e para não perder nada abrem mão de parte da realidade - a que as ameaça e frustra. É desse modo que, estupidamente, as pessoas continuam compulsivamente envolvidas no desenrolar de seu drama, desconhecem a dimensão verdadeira da realidade em que estão imersas, já que confundem os desafios e limites reais que ela comporta com perdas e ameaças que se tornam maiores em suas fantasias. As crises e paradoxos da vida começam a ser resolvidas quando, de dentro da obscuridade que as caracteriza, surge a lucidez. Em geral essa lucidez começa a aparecer quando, do fundo de si mesmas, as pessoas começam a expressar a profunda indignação que sentem com a situação em que se encontram e abrem-se para o novo, ou mesmo, construí-lo.
3. A LUCIDEZ Predispor-se a aceitar perdas e enganos é, na verdade, uma condição essencial para o novo, o diferente, que tantas vezes resultam em surpreendentes processos de reparação mútua e de construção de bases mais saudáveis de viver e conviver. É predispor-se a aprender com o outro e construir com ele.
















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