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QUANDO AS RELAÇÕES DE PODER PROMOVEM DESENVOLVIMENTO

  • Foto do escritor: Doval Estratégias e Soluções
    Doval Estratégias e Soluções
  • 12 de mai. de 2016
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de set. de 2021


ISABEL DOVAL


Em qualquer grupo em que líderes e liderados mantém uma grande distância no que se refere a poder, embora exista liberdade e objetivos claros, pouco acontece em termos de realização desses objetivos. Em uma organização ou mesmo na sociedade ocorre o mesmo.


Não é comum as pessoas escolherem onde vão trabalhar por se identificarem com aquele que será seu líder, mas elas se manterão nesta equipe por sua escolha, por mais restritas que sejam as suas oportunidades de mudar. Quando um indivíduo escolhe seu líder, faz com vistas à aquisição do poder de pertencer ao grupo por esse líder conduzido, e sente como seus os triunfos dele. Uma organização também pode ter esta representação para alguns ou muitos profissionais, e esta afirmação aponta para a intangível subjetividade que sustenta as parcerias, as alianças, os contratos estabelecidos formalmente com o proposito de realizar objetivos e projeto de ambas as partes.

Em minha experiência é comum escutar profissionais declarando como objetivo para a sua carreira ingressar em empresas de determinado setor que representam para eles um ideal em muitos sentidos, mesmo que nada conheçam sobre suas políticas internas, seus processos, as relações, os valores que permeiam as decisões tomadas no cotidiano, etc., etc. Não seria mais “garantido” calcar seus projetos sobre suas próprias possibilidades e potencialidades, sobre objetivos de autodesenvolvimento, sobre uma visão mais ampla, sobre riscos e estratégias para superar possíveis obstáculos, do que deposita-los maciçamente em um único lugar? Se você respondeu afirmativamente a está questão, você entende que parceria significa corresponsabilidade, e que, por mais qualificado que seja o líder, por mais destacada que seja a organização, você deverá fazer a sua parte, que vocês se afetarão mutuamente, e que é esta compreensão que viabilizará a efetivação do projeto de cada parte e o projeto comum.


Porém se, por outro lado, você respondeu negativamente, sou capaz de apostar que o final desta pseudo parceria será uma frustração, que produzirá muita raiva, ou um sentimento de fragilidade e, em ambos os casos, uma percepção distorcida e equivocada sobre quem você é e de suas competências. É isto que a distância entre níveis diferentes de poder, aumentada pela impossibilidade de diálogo, produz e mantém.

Pessoas apegadas ao concreto, com dificuldade para lidar com o intangível, com o que é abstrato, não sentem em si próprias a competência que exigem daquele que reconhecem como seu líder, e procuram escolher lideres que lhe forneçam segurança – apenas segurança! Um indivíduo ou grupo, se achando em posição de ter suas necessidades supridas, escolhe líderes que reconheça como em condições de supri-las. Se a relação face-a-face não é possível, não há como checar suas percepções e expectativas, e as alianças basear-se-ão muito mais em projeções e fantasias do que em possibilidades. As mudanças necessárias para que as demandas do coletivo sejam de fato atendidas, ficam muito mais difíceis sob tais bases.

Mudanças em geral, se tornam efetivas se realizadas pelo conjunto, que antes de tudo, precisa sentir-se prepara para lidar com uma nova ordem. Caso contrário, jogam suas preocupações sobre os lideres, e ficam esperando que esses solucionem seus problemas. Não devemos esquecer que só uma equipe ou uma organização preparada para enfrentar as dores do desenvolvimento e tudo o que isso implica em esforços, poderá contar com maior satisfação e melhores resultados. Assim como, só uma relação dialógica e solidária coloca lideres e equipes numa relação verdadeiramente próxima. Essa proximidade pode tornar suportável a inevitável disparidade de poder que tende a aumentar, à medida que uma organização se torna mais orgânica.

Uma organização, tal como uma pessoa individualmente, pode não querer resolver suas aflições, até que seja levada a fazê-lo através de um novo discernimento sobre seus problemas, identificando a natureza dos mesmos. Discernimento não depende apenas de conhecimento sobre fatos, mas da capacidade de refletir, de fazer conexões entre eles, o que resulta em verdadeiros insights, em transformadoras aprendizagens.

Satisfação, melhores resultados, menos frustração, menos hostilidade, são características de equipes, organizações e sociedades democráticas. Em equipes verdadeiramente democráticas a avaliação das ideias se baseia mais na importância das mesmas em relação aos objetivos e valores vigentes, do que na posição do proponente - líder. Em longo prazo, principalmente nas situações de grande complexidade, apresentam maior proporção de soluções eficazes, e aceitação mais franca das decisões. Mas a grande diferença entre uns e outros está relacionada aos meios: se os objetivos de uma organização e das equipes dentro dela for realizar a democracia, é lógico que sejam utilizados meios democráticos. Líder e equipe escolhem permanecer juntos, especialmente quando ameaçados por fatores externos.

Escolher os representantes de nossas demandas na sociedade é uma responsabilidade solitária, visto que esta escolha baseia-se em valores individuais e em uma visão de mundo particular. Em uma organização empresarial, por exemplo, a escolha não será possível desta forma. Nestas duas dimensões, porém, serão os valores individuais, a ética de cada um, que dará sustentabilidade aos contratos / parcerias estabelecidas e a cultura vigente. A atitude dos indivíduos sustentam instituições, políticas, um ambiente social e organizacional menos ou mais colaborativo, solidário, criativo, humano e justo.

Precisamos aprender, ainda, a reconhecer o fato que soluções simplistas, oferecidas por líderes dogmáticos, só poderão dar resultado se negarmos a complexidade da realidade em que se desenrola nossa vida cotidiana e nossas próprias possibilidades.



* Isabel Doval, consultora, desenvolve programas de desenvolvimento de líderes e de equipe, é psicóloga – CPR 07/2384 -, psicanalista, especialista em Diagnóstico Organizacional e em desenvolvimento de recursos humanos, Executive Coach com certificação internacional e didata em Dinâmica de Grupos.

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